sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Todo mundo tem rosquinha?

Essa semana, os alunos do 3º EM encenaram uma peça teatral baseada na crônica "A rosquinha" de Luís Fernando Veríssimo. Os alunos do Fund I se divertiram muito com a apresentação e também participaram de uma reflexão sobre a importância dos hábitos de higiene para a nossa saúde.


Parabéns aos alunos do 3º EM e também a Profª Regina, por mais um trabalho de integração entre os alunos do Instituto Mairiporã.


A rosquinha

O apelido dele era "cascão" e vinha da infância. Uma irmã mais velha descobrira uma mancha escura que subia pela sua perna e que a mãe, apreensiva, a princípio atribuiu a seguida descobriu que era sujeira mesmo.

- Você não toma banho, menino?

- Tomo, mãe.

- E não se esfrega?

Aquilo já era pedir demais. E a verdade é que muitas vezes seus banhos eram representações. Ele fechava a porta do banheiro, ligava o chuveiro, forte, para que a mãe ouvisse o barulho, mas não entrava no chuveiro. Achava que dois banhos por semana era o máximo de que uma pessoa sensata precisava.

Mais do que isso era mania.

O apelido pegou e, mesmo na sua adolescência, eram frequentes as alusões familiares à sua falta de banho. Ele as agüentava estoicamente. Caluniadores não mereciam resposta. Mas um dia reagiu.

- Sujo, não.

- Ah, é? - disse a irmã. - E isto o que é?

Com o dedo ela levantara do seu braço um filete de sujeira.

- Rosquinha não vale.

- Como não vale?

- Rosquinha, qualquer um.

Entusiasmado com a própria tese, continuou:

- Desafio qualquer um nesta casa a fazer o teste da rosquinha! A irmã, que tomava dois banhos por dia, o que ele classificava de exibicionismo, aceitou o desafio.

Ele advertiu que passar o dedo, só, não bastava. Tinha que passar com decisão. E, realmente, o dedo levantou, da dobra do braço da irmã, uma rosquinha, embora ínfima, de sujeira.

- Viu só - disse ele, triunfante. - E digo mais: ninguém no mundo está livre de uma rosquinha...”
Luís Fernando Veríssimo